Oportunidades e perspectivas: A importância da academia e da inovação na competitividade global do mercado de semicondutores
"O Brasil tem laboratórios únicos no Hemisfério Sul de pesquisa e produção de chips. Isso nos coloca em um contexto diferenciado dos demais países", salientou Linnyer Beatrys Ruiz Presidente da SBMicro - Fotos: Diego Galba (ASCOM/MCTI) |
Mesa temática apontou importância estratégica dos chips nos mais variados setores produtivos, e como o Brasil pode fazer parte do mercado mundial
Os desafios e perspectivas para a indústria de semicondutores no Brasil foi um dos temas debatidos no primeiro dia da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), nesta terça-feira (30), em Brasília. A mesa faz parte do eixo temático II das discussões: Reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas.
O debate teve participação do presidente da CEITEC, Augusto Gadelha; do presidente da SBMicro, Linnyer Beatrys Ruiz; secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do MCTI, Henrique Miguel e do diretor da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), Murilo Pessatti. A discussão focou nos gargalos do Brasil, instrumentos de incentivo disponíveis, e a importância de uma visão de longo prazo para que o Brasil domine a tecnologia.
Segundo Augusto Gadelha, da Ceitec, a indústria de semicondutores exige grandes investimentos e constante inovação tecnológica. A conclusão é que o Brasil perdeu oportunidades nos últimos anos com a liquidação da empresa pública e a falta de um projeto nacional.
“Todos os países hoje estão centrados no problema dos semicondutores. Quem tem a capacidade e competência na tecnologia tem uma autonomia maior. A importância dos semicondutores nas cadeias produtivas atinge hoje todos os setores da sociedade, está no celular, no computador, nos sinais de trânsito, nos automóveis nos setores da indústria e do comércio”, disse.
A presidente da Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMicro), Linnyer Ruiz, apontou a qualidade da formação e produção de conhecimento na área de microeletrônica no país. Ruiz também sugeriu a inclusão de mulheres no mercado e a inserção do tema nos anos iniciais de estudo.
“Fizemos nosso primeiro chip em 1971. São 53 anos de uma academia pesquisando. A gente tem ainda essa soberania do conhecimento. A gente forma tantas pessoas boas, a gente tem uma academia tão forte formando mão de obra nas cinco regiões do país, formando pessoas que ganham prêmios mundiais, que tem parcerias internacionais”, apontou.
O secretário do MCTI, Henrique Miguel, afirmou que o desafio do país hoje é estimular a pesquisa, o desenvolvimento, a internacionalização das empresas e a formação de pessoal. O secretário também reforçou a importância das leis de apoio, como a Lei de TICs e o Padis.
“As áreas estratégicas são transição energética, mobilidade, agricultura, meio ambiente, dispositivos médicos. É preciso continuar apoiando os centros de excelência já formados no país. Para isso podemos usar todos os mecanismos existentes, e a recomposição do FNDCT também é importante nesse sentido”, avaliou.
Por fim, o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), Murilo Pessatti, apresentou dados nacionais do número de empresas no país, investimentos e faturamento, e frisou os principais pontos para o Brasil avançar no setor.
“A mão de obra especializada é fundamental. É uma das coisas que a gente nunca pode perder de vista. Precisamos de políticas públicas porque a gente tem desafios que as empresas e academia não conseguem vencer assim como novos investimentos. Mas uma vez que a gente tenha um bom ambiente de negócios, os investimentos são uma consequência”, resumiu.
Confira a íntegra do painel no canal do MCTI no Youtube:
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