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Brasil precisa cortar desmatamento pela metade para cumprir NDC até 2025

Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura (Foto: Alberto César Araújo/Am...

Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Enquanto isso, mundo precisa triplicar instalações renováveis para alinhar com 1,5°C

O governo brasileiro publicou na última semana a atualização da sua contribuição nacionalmente determinada ao Acordo de Paris (NDC, na sigla em inglês), retornando às ambições depositadas na ONU em 2015 – mas cumpri-la está mais difícil.

A primeira meta é para 2025: o país poderá emitir no máximo 1,34 GtCO2e, o que representa uma redução de 48% das emissões em relação ao ano-base 2005 (ou cortar cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2 em comparação com 2021).

O curtíssimo tempo coloca as emissões relacionadas a mudanças de uso da terra (MUT) no centro das atenções, especialmente na Amazônia, avalia uma nota técnica do Observatório no Clima.

“Os demais setores, como energia, processos industriais e resíduos, também apresentam grande potencial de redução de emissões; porém, estas demandam mais tempo para acontecer e dificilmente seriam implementadas na escala necessária até 2025”, explicam os autores.

“Por isso é essencial que o governo brasileiro continue e intensifique as ações de prevenção e controle do desmatamento enquanto elabora o planejamento e as ações preparatórias para mudanças estruturais nos demais setores”.

Pelos cálculos da organização, seria necessário limitar o desmatamento na Amazônia a uma taxa de cerca de 6 mil km² em 2025, para alcançar de 46% nas emissões causadas pela destruição florestal – considerando um cenário em que as demais fontes de emissão do país permanecem estáveis. Veja o cálculo na nota técnica

“Cortar o desmatamento pela metade em pouco menos de três anos (2023-2025) pode parecer uma meta bastante agressiva, mas isso já foi feito antes”, afirma o OC.

O documento menciona o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), que entrou em operação em 2004, ano em que a taxa de desmatamento foi a segunda maior já medida pelo Prodes-Inpe, 27.772 km2.

“Em 2005, a taxa caiu em 31%, para 19.014 km2. Em 2006, mais uma queda, de 25%, para 14.286 km2. Em apenas dois anos, portanto, o desmatamento foi reduzido em 48,5%. Em mais três anos, em 2009, a taxa havia caído mais 52%, para 7.464 km2”, completa.
Acordo renovável

Enquanto no Brasil, no curto prazo, a solução reside basicamente em preservar o que já temos, no resto do mundo, há uma pressão para que os governos limpem as matrizes energéticas de seus países.

União Europeia, Estados Unidos e os anfitriões da cúpula climática COP28, os Emirados Árabes Unidos, estão mobilizando outros governos para se juntarem a um acordo global para triplicar a energia renovável nesta década na próxima cúpula, relata a Reuters (em inglês).

Em uma carta preliminar enviada a outros governos, os países disseram que triplicar a capacidade de energia renovável do mundo é a coisa mais importante que podem fazer para limitar o aquecimento global a 1,5 °C e evitar seus impactos mais desastrosos.

O documento foi assinado pela Presidência dos Emirados Árabes Unidos na cúpula COP28, pela Comissão Europeia, pelos Estados Unidos, Barbados, Quênia, Chile, Micronésia, pela Agência Internacional de Energia e pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena).

Esta semana a Presidência da COP28 e a Irena publicaram um roteiro com uma série de recomendações políticas viáveis ​​para governos e setor privado sobre como aumentar a capacidade global de energia renovável para pelo menos 11 terawatts (TW) até 2030.

A meta também já recebeu apoio do G20, no mês passado, bloco que conta com China e Índia – altamente dependentes do carvão. Mas outras economias intensivas em combustíveis fósseis ainda estão hesitantes.

A adoção de políticas mais ambiciosas para substituir óleo, gás e carvão depende de financiamento – e este é outro ponto que tem pesado nas negociações.
Negociação de linguagem

Durante a abertura da pré-COP, na segunda (30/10), o sultão Ahmed al-Jaber, que preside a conferência deste ano em Dubai, pediu que os países trabalhem para construir um consenso sobre a linguagem que será adotada no documento final. Algo que geralmente atrasa o encerramento da cúpula climática.

Al-Jaber, que também é CEO da petroleira dos Emirados Árabes Adnoc, tem repetido a necessidade de soluções concretas para uma redução de 43% nas emissões até 2030.

“Sei que existem opiniões fortes sobre a ideia de incluir linguagem para se referir aos combustíveis fósseis e energias renováveis no texto negociado. Preciso que vocês trabalhem juntos para apresentar soluções que possam alcançar alinhamento, pontos em comum e consenso entre todas as partes. Devemos ser responsáveis. Devemos ser pragmáticos. E não devemos deixar ninguém para trás”, defendeu.

E enfatizou a importância de garantir fluxos de capital para onde são mais necessários, especificamente o Sul Global, e de reconstruir a confiança nas nações em desenvolvimento.

Entre as áreas de foco da agenda deste ano estão os resultados de mitigação, um acordo de adaptação abrangente e “soluções inovadoras” em finanças.

“Isso inclui a entrega do fundo e acordos de financiamento para perdas e danos”, acrescentou o CEO da Adnoc. “O que foi prometido em Sharm el Sheikh deve ser entregue em Dubai.”
Custo de capital

Nos EUA, a Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês), que destina algumas centenas de bilhões em subsídios para a indústria de baixo carbono, pode esbarrar no custo do crédito privado.

Apuração do portal internacional politico, conta que a indústria de energias renováveis depende fortemente de grandes credores para financiar seus empreendimentos. No entanto, as regras iminentes para tornar os grandes bancos menos arriscados tornariam muito mais caro para eles realizar esses investimentos.

Cobrimos por aqui:
Curtas
Outubro mais chuvoso

O mês passado foi o mais chuvoso da história na cidade de São Paulo, desde o início das medições em 1943, de acordo com o Inmet. Na comparação da média histórica para o mês, que é de 128 mm, choveu 140% a mais, aponta o G1.
Mais chuvas na região Sudeste

Em novembro, a previsão do Inmet é de chuva acima da média em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, e em todo o Sul.
Seca no Norte e parte do Nordeste

No entanto, o período seco continua nessas no Norte e parte do Nordeste, com chuvas abaixo da média para o mês. Em regiões produtoras do Matopiba, os baixos volumes de precipitações devem manter os níveis de água do solo baixo, podendo impactar a safra 2023/24.

Milhares de peixes e mais de 178 botos e tucuxis mortos, baixa histórica nos níveis dos rios, isolamentos de comunidades ribeirinhas e uma nuvem de fumaça em Manaus levada pelas queimadas na floresta. Esse é o saldo da seca na bacia do rio Amazonas, mostra uma reportagem do Diálogo Chino.

Em meio ao evento climático extremo, setores empresariais e políticos locais aproveitam o momento de limitação no transporte fluvial para pressionar pela continuidade da pavimentação da rodovia BR-319, que liga os estados de Rondônia e Amazonas.
Novo normal

Condições climáticas adversas estão se tornando o novo normal. O ano de 2023 caminha para ser o mais quente já registrado, trazendo com ele tempestades como nunca vistas antes nos cinco continentes – matando milhares de pessoas e causando milhões de dólares em prejuízos, reporta a Bloomberg (em inglês).
Poluição plástica

Nos últimos cinco anos, as empresas signatárias do Compromisso Global contra a Poluição Plástica aumentaram a utilização de materiais reciclados em 1.5 milhão de toneladas por ano, o equivalente a um barril de petróleo que deixou de ser extraído a cada dois segundos. Isso evitou a emissão de 2.5 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

No entanto, os signatários representam 20% da indústria mundial de embalagens plásticas. Ou seja, a maior parte do setor ainda está desmobilizada. Segundo a Fundação Ellen MacArthur, a baixa adesão fará com que 20 trilhões de embalagens flexíveis (como invólucros, sacolas e sachês) acabem no oceano até 2040.

Com informações de Editada por Nayara Machado - Epbr

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